Os alimentos transgénicos ou alimentos geneticamente manipulados começaram a ser introduzidos em maior escala no mercado mundial, particularmente no mercado americano, em 1996 e desde então os consumidores dos principais países europeus têm-se manifestado abertamente contra a introdução destes alimentos no mercado, particularmente sem uma conveniente rotulação que identifique claramente se os ingredientes utilizados num determinado produto alimentar foram ou não geneticamente manipulados.
Em Portugal, país de brandos costumes, pouco se tem falado ou escrito sobre o assunto e não existe um verdadeiro movimento que discuta o potencial perigo deste tipo de alimentos para a saúde humana e ambiental.
Por tudo o que tenho lido e estudado sobre o assunto sou manifestamente contra a utilização de alimentos transgénicos e penso que corremos um enorme risco ao permitirmos que eles entrem em nossas casas, na maioria das vezes de uma forma totalmente escamoteada. Neste momento no mercado americano estão disponíveis transgénicos do milho, feijão soja, batatas, abóbora, papaia assim como leite e outros produtos lácteos derivados de vacas tratadas com uma hormona geneticamente manipulada (rBST) e existem já uma grande variedade de enzimas geneticamente manipuladas que são utilizadas pela indústria de processamento alimentar.
Caso não saiba, o feijão soja e os derivados do milho por exemplo, são utilizados em centenas de produtos existentes nas prateleiras dos supermercados, como margarinas, bolachas, iogurtes, chocolates, etc.
Na realidade a manipulação genética é uma experiência científica à escala mundial em que todos somos cobaias e da qual não se sabe minimamente quais vão ser os resultados. Enquanto que um produto farmacêutico requer muitas vezes 15 anos de testes rigorosos para ser aprovado (e ainda assim muitas vezes é retirado do mercado) os alimentos GM não foram sujeitos a um escrutínio rigoroso, tendo em consideração os efeitos a médio e a longo prazo na saúde e no ambiente. Isto, porque quem parece lucrar com todo este processo são meia dúzia de multinacionais que exercem uma enorme influência junto de governos e da “elite” intelectual e económica mundial. Segundo um artigo recente da “Time” já se testaram cerca de 4500 plantas GM e para as companhias de biotecnologia isto representa um aumento de vendas de 75 milhões de dólares para 1,5 biliões de dólares anuais em apenas dois anos.
A filosofia subjacente à manipulação genética é de que a natureza não é perfeita e de que a ciência pode substituir o seu papel, com melhores resultados: podemos ter melhores colheitas, evitar a fome no Mundo e ter espécies vegetais mais resistentes a pragas. Infelizmente, nenhum destes pressupostos está provado e os problemas mencionados existem e continuarão a existir enquanto não se alterarem muitas das realidades económicas e sociais modernas.
As colheitas GM são imprevisíveis e existem numerosos artigos nos principais jornais médicos avisando das suas possíveis consequências. O “New England Journal of Medicine” (um dos mais prestigiados jornais médicos mundiais) alertou para o risco do aumento de alergias mortais e criticou a FDA (Food and Drug Administration) por favorecer a indústria em detrimento da protecção do consumidor.
O que são na realidade os alimentos geneticamente manipulados?
São alimentos cujos genes foram modificados ou manipulados pelos humanos de forma a que exibem características que não teriam no seu estado natural. A engenharia genética cruza espécies que naturalmente não se cruzariam. Assim, por exemplo, cruzaram-se genes de um peixe em morangos e em tomates.
As culturas onde se utiliza mais manipulação genética são o feijão soja, o milho, colza e algodão. A maioria dos organismos GM existem em duas variedades: “resistente aos insectos” e “tolerante aos herbicidas”. As culturas resistentes aos insectos são também chamadas “pesticidas plantas” porque a planta é considerada (e regulada) como um novo insecticida. A planta à medida que cresce produz uma toxina de insecto em cada célula e durante toda a estação de crescimento. Quando comemos milho GM resistente a insectos, por exemplo, estamos a comer um pesticida.
Antigamente, um agricultor tinha que ter cuidado com a utilização de herbicidas porque estes podiam destruir a colheita. Agora a cultura é alterada geneticamente de forma que não seja danificada pelo produto químico. Como resultado, os agricultores podem utilizar muito mais pesticidas, que vão terminar no nosso prato à hora das refeições.
Ao mesmo tempo, quando os organismos GO são libertados no ambiente qualquer estrago que produzam é irreversível. Os organismos GO são organismos vivos, pelo que se podem multiplicar, mutar, reproduzir-se com outros organismos vivos, durante muitas gerações. Potencialmente, a poluição biológica produzida pelos organismos geneticamente manipulados é muito mais perigosa do que a poluição química ou nuclear.
A mim, estas técnicas assustam-me, porque acredito que existe uma ordem natural à qual não devemos e não podemos fugir. Brincarmos a Deus é perigoso, letal e demonstra uma enorme arrogância para com uma Natureza que é misteriosa, mas generosa, justa e perfeita. Existem formas de alimentar todo o mundo, se para tal, utilizarmos métodos de agricultura e estilos de vida mais equilibrados e sustentáveis.
No próximo artigo, falarei dos perigos específicos para a saúde e ambiente dos organismos GM assim como do que podemos fazer para evitar que eles entrem em nossa casa.
Outono – Reflexão
Artigo 17 Em meados de Setembro, existe um equilíbrio entre as energias Yin e Yang. Isto é, nessa altura do…